25 fevereiro, 2011

Saindo da Revolução Verde - Agroecologia em alta!

Talvez a primeira coisa que passe pela cabeça de muita gente quando ouve o termo 'agroecologia' seja alimentos orgânicos, produzidos sem o uso de agrotóxicos, adubos químicos ou mudanças genéticas. O que nem todo mundo sabe é que os princípios de agroecologia vão muito além disso. 
A agroecologia é uma ciência que busca oferecer princípios, conceitos e metodologias para fazer a transição dos atuais modelos de agricultura para modelos mais sustentáveis ecologicamente.

Revolução Verde

O conceito de agroecologia é relativamente novo, embora as práticas que acabam resultando do emprego da agroecologia são bastante antigas. Afinal durante a maior parte da história a agricultura era feita sem insumos sintéticos, respeitando o ciclo da natureza.
No século passado - após as guerras -  a agricultura começou  a se artificializar de forma cada vez mais rápida. Máquinas de guerras foram adaptadas para a agricultura; venenos usados como armas químicas foram ajustados para combater pragas. As sementes passaram a ser desenovolvidas por empresas e hoje se usam  sementes híbridas - produzidas a partir da polinização cruzada de plantas, para ter melhores caracterísicas de ambas. Apenas a primeira geração serve para o plantio, o que significa que os produtores precisam comprar novas sementes. A fertilização dos solos passou a depender de insumos químicos. Com isso o controle dos agricultores passou para algumas empresas. A introdução desse 'pacote tecnológico', caracteriza o que chamamos de revolução verde. Além da degradação ambiental, esse modelo gerou também um processo de expulsão das populações do meio rural. Os impactos começam a ser percebidos e algumas alternativas começam a ser pensadas.



Partindo pra sustentabilidade:

A agricultura sustentávael - agroecologia - deve atender a oito críterios:

- baixa dependência de insumos;
- uso de recursos renováveis localmente acessíveis;
- utilização de impactos benéficos ao meio ambiente local;
- tolerância em relação às condições ambientais locais;
- manutenção a longo prazo da capacidade produtiva;
- preservação da diversidade biológica e cultural;
- utilização do conhecimento das populações locais;
- produção de mercadorias também para o consumo interno e não só exportação.

E principalmente, esse sitema deve atender as necessidades sociais, considerando aspectos culturais, preserar os recursos ambientais, considerar a participação política - não é uma regra - e permitir a obtenção de resultados econômicos. Como sempre, atitudes sustentáveis se baseiam no famoso tripê  - social, econômico e ambiental.

Mas então, se avaliarmos bem, percebemos que o conceito de agroecologia está na contramão do modelo produtivo adotado atualmente no Brasil - baseado no agronegócio, visando lucro e grande produtividade, artificializando a natureza, degradando, explorando o trabalhador, etc. Esse tipo - o monocultivo - é considerado insustentável.

Vale lembrar que o modelo sugerido aqui, foi incorporado por movimentos sociais na luta por direitos. A agroecologia propôs assegurar o acesso à terra.

Sim, a agroecologia questiona esse modelo de desenvolvimento e aponta soluções. Por exemplo, a proposta de uma agricultura familiar que reposnda aos desafios da sociedade de hoje: crise ecológica, crise social de esvaziamento do campo, de desvalorização de pequenos produtores. Acredito que seja uma visão para agricultura não capitalista.

Tudo bem, a agroecologia se opõe ao sistema de agronegócio. Mas nem por isso ele pode deixar de ser destrutivo e se tornar mais 'verde'. Na verdade essa transição já está acontecendo em alguns locais. Alguns nichos de mercado produzem, dentro da proposta de agronegócio, produtos orgnânicos. São os chamados 'agronegócios verdes, ou sustentáveis.'
Mas uma questão a se debater: alimentos orgânicos = alto valor agregado. Sim. Mas existem pessoas - de classe média alta- que aceitam pagar por alimentos saudáveis. E é aí que está a lógica do agronegócio. Entendeu?!

O problema está em convencer essa classe-média-alta-que-está-disposta-a-pagar-por-uma-vida-mais-saudável, que exitem outros elementos importantes. Daí vem o estimulo para a efetividade da agroecologia.

O trabalho tem que se focar em mudar essa visão de que a agroecologia não é viável economicamente, que os agricultores não vão conseguir recursos se não usarem os chamadnos insumos modernos. Lembrando que os projetos agroecológicos podem receber ajuda com créditos rurais e financiamento através de bancos. Mas vale entender, que nem por isso deve-se fugir dos principios sustentáveis, hein?!

Bom, espero que tenham gostado do assunto e mais do que isso, tenham se interessado pela causa. 
Obrigada pela visita!

Bora falar sobre isso no twitter? @rec_as_ideias
Marcela Barquet

18 fevereiro, 2011

Programa de Prevenção à Poluição - Como implantar?

A poluição preventiva (P2), refere-se a qualquer prática, processo, técnica e tecnologia que visa a redução/ eliminação em volume, concentração e toxidade dos poluentes na fonte geradora. Inclui algumas modificações nos equipamentos, processos ou procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos, substituição de matérias-primas, eliminação de substancias tóxicas, otimização do uso de matérias-primas e energia e outros recursos naturais.

            A implementação de P2 implica no desenvolvimento de um programa, que afeta desde a direção da empresa até a avaliação do desempenho desse programa. Após o fim do programa novas metas devem ser estabelecidas, e o ciclo se renova.
            Para que o programa possa se realizar com eficiência, deve haver um comprometimento de todas as pessoas envolvidas. Sendo que estas devem ser sistematicamente informadas sobre o seu andamento. 

A seqüência para o desenvolvimento de P2 é:


• Comprometimento da direção da empresa

A empresa, onde se vai implantar um programa de P2, deve ter comprometimento com as etapas do processo. Esse comportamento será alcançado através da otimização do uso e recuperação dos recursos disponíveis (água, energia, matérias-primas, etc), substituição de matérias-primas e mudanças nos processos produtivos, aquisição de tecnologias limpas, melhoria e manutenção dos equipamentos, e também através da implantação de um programa de conscientização de todos os funcionários.
Esse comprometimento contribui para o desenvolvimento do programa. Isso deve ser expresso através de uma declaração.


• Definição da equipe de P2

A equipe será formada por pessoas de diversos setores da empresa, para aja uma troca de experiências e integração dos funcionários. O número de pessoas vai depender do tamanho e da estrutura da empresa, e essa equipe deverá ter um líder, que esteja “por dentro” dos fatores operacionais da indústria.
           


• Estabelecimento de prioridades, objetivos e metas

A partir dos dados da empresa deverá ser estabelecida uma política ambiental, com ênfase nos princípios da P2. A equipe formalizada será responsável pela implantação e manutenção do programa. Os objetivos e metas estabelecidos pela equipe deverão estar de acordo com a Declaração de Intenções, liberada pela empresa. Sendo que deve haver gestão ambiental, para o aprimoramento desse programa.


• Elaboração cronograma de atividades

Deve haver um cronograma para a execução do programa e de suas atividades.

           
Disseminação de informações sobre P2

Deve ser criado um plano de treinamento, para que todos possam acompanhar o seu desenvolvimento. A disseminação de informações sobre prevenção à poluição visa assegurar que o
programa se torne assunto do dia a dia, bem como aumentar a conscientização e a participação de
todos os funcionários. Para isso, a equipe pode-se valer de uma série de recursos, tais como: cartazes, circulares, memorandos, reuniões setoriais, realização de eventos com a participação de palestrantes externos, apresentação de vídeos sobre experiências bem sucedidas, treinamentos, programa de premiações de funcionários. Além diso, a comunidade também deve ser informada sobre os procedimentos.


• Levantamento de dados

O levantamento de dados deve reunir o máximo possível de informações que auxiliem na caracterização do processo industrial. Estas informações devem abranger desde a matériaprima e demais insumos (energia elétrica, produtos auxiliares, água, etc.), até o total de resíduo gerado, devendo as mesmas constarem do fluxograma de produção da indústria. Este deve ser apresentado de modo que as informações possam estar disponibilizadas por linha de processo.
O levantamento de informações relativas ao gerenciamento dos resíduos gerados na empresa será fundamental na fase de identificação e seleção de oportunidades. Por meio destes dados, será possível avaliar os custos reais envolvidos no tratamento e disposição dos resíduos gerados e verificar o retorno financeiro de um investimento em P2.



• Definição de indicadores de desempenho

Após o levantamento de dados, devem ser definidos indicadores de desempenho, que deverão ser quantificáveis e medidos antes e após a implantação das medidas de P2, permitindo assim uma avaliação comparativa entre a situação da empresa antes e após a implementação do programa, bem como uma análise dos ganhos obtidos em termos ambientais e econômicos.

• Identificação de oportunidades de P2

Deve ser efetuada uma avaliação detalhada dos processos produtivos da empresa, com ênfase nos pontos que contribuem para a geração de resíduos. É necessário também avaliar os aspectos relativos ao tipo, toxicidade e quantidade dos resíduos gerados, a quantidade e toxicidade das matérias-primas utilizadas, o custo envolvido no tratamento de efluentes líquidos e disposição dos resíduos gerados, a legislação vigente e o risco à saúde ocupacional dos trabalhadores. O resultado desta avaliação permitirá a identificação das melhores opções para redução ou
eliminação dos poluentes gerados.


• Levantamento de tecnologias

O levantamento das tecnologias hoje disponíveis no mercado pode apontar opções viáveis para a implementação de ações de P2. No entanto, alguns aspectos devem ser considerados pela equipe de P2, quando realizar um levantamento de tecnologias, que dentre outros se destacam: identificar as tecnologias que melhor se apliquem às necessidades do interessado; conhecer a legislação em vigor, para avaliar possíveis conseqüências relativas à alteração e/ou substituição de equipamentos; caracterizar e avaliar os efluentes gerados, a fim de propor a sua segregação dentro dos Processos.

• Avaliação econômica

Qualquer medida de P2 que ofereça uma redução de custo direto ou indireto relacionada à geração, manuseio e tratamento de resíduos ou de custos operacionais e que não envolva custos de investimentos iniciais, pode ser considerada economicamente viável. O estabelecimento de um Sistema de Alocação de Custos onde cada setor/unidade de produção seja debitado pelo custo da geração e gerenciamento do resíduo que gera e pela sua
respectiva parcela de custos indiretos da empresa é muito importante, pois oferece dados para a avaliação econômica do investimento em prevenção à poluição assim como para a conscientização dos funcionários sobre os custos associados à geração de resíduos e desempenho ambiental do setor/unidade de produção. Os investimentos em prevenção à poluição podem afetar os custos relacionados ao atendimento da legislação ambiental, imagem da empresa, saúde e segurança do trabalhador, prêmios pagos à seguradoras, custos indiretos e outros relacionados ao gerenciamento da empresa como um todo, trazendo benefícios indiretos de difícil mensuração à curto prazo, mas significativos à empresa como um todo a médio e longo prazo.

• Seleção das medidas de P2

Ao selecionar as medidas a serem implantadas, a equipe de P2 deve considerar os
benefícios imediatos decorrentes da implantação e o seu significado para a empresa. A avaliação desses benefícios podem ser questionadas como por exemplo: ganho ambiental, se haverá melhoria da qualidade do produto, na eficiência do processo ou na saúde do trabalhador, se haverá maior facilidade em atender aos requisitos legais, se  haverá um melhor relacionamento com as agências de controle ambiental ou com a comunidade e se haverá retorno financeiro a curto, médio ou longo prazo.
As medidas de P2 devem ser avaliadas e adotadas de acordo com as suas viabilidades técnicas e econômicas. Aquelas que não forem nem técnica nem economicamente viáveis devem ser adiadas. As demais, selecionadas a critério da empresa, deverão ser priorizadas e implementadas, providenciado-se, quando necessário, fundos de capital específicos para a execução do programa.



• Implementação das medidas de P2

Deve-se iniciar a implementação das medidas, de acordo com as metas e objetivos estabelecidos no programa e segundo um cronograma que leve em conta os projetos a serem executados.
Na aplicação das medidas de P2, muitas técnicas podem ser utilizadas, dentre elas destacam-se as seguintes: alteração do layout, controle de estoque (produtos químicos), manutenção preventiva, melhorias nas práticas operacionais, mudança de processo/tecnologia (P+L), Reuso, reformulação ou replanejamento dos produtos, reciclagem interna ao processo, substituição de matéria prima, substituição ou alterações de equipamentos, segregação de resíduos e treinamento.

• Avaliação dos resultados

Esta etapa tem como objetivo verificar os benefícios e ganhos, do ponto de vista ambiental e econômico, advindos da implantação do programa de P2, assim como avaliar os problemas e barreiras encontrados durante a sua implementação. Recomenda-se que a avaliação do programa de P2 seja realizada periodicamente, a fim de solucionar possíveis problemas e evitar o surgimento das mesmas falhas.
A avaliação dos resultados é realizada a partir da comparação dos indicadores de desempenho (item 3.5), que foram medidos antes e após a implantação das medidas de P2. De posse destes dados, será possível quantificar os ganhos decorrentes da implementação do programa de P2.

• Manutenção do programa

A chave para a manutenção de um programa de P2, que permitirá a sua sustentabilidade dentro da empresa, é a conscientização e a participação dos funcionários, em todos os níveis, incluindo a direção da empresa.
O aprimoramento contínuo permitirá que a empresa se mantenha sempre atualizada com as inovações tecnológicas e as alterações da legislação ambiental, além de promover a melhoria da eficiência nos seus processos produtivos e assegurar o envolvimento de todo o corpo funcional e das partes interessadas no programa de P2.


03 fevereiro, 2011

O que um Rondonista tem pra contar?

Olá companheiros!
Estou de volta a Minas Gerais depois de 15 dias de muito trabalho no Piauí.
Muita coisa trouxemos na bagagem, que não voltou com apenas 5 quilos a mais que o permitido, mas voltou com experiências únicas e inestimáveis.
Por muitos lugares passamos, em cada parada uma história diferente e um sorriso sincero de boas-vindas de cada morador.
As crianças... nos acompanhavam pra cima e para baixo, com um olhar humilde sem entender muito bem o que faziamos ali, mas tinham a certeza que seriam preenchidas por nosso simples abraço. Eram tantas querendo chegar perto de nós, que muitas vezes os gestos eram mecânicos e instintivos, nada de muito caloroso ou sentimental, - isso não significava má vontade, mas sim nosso tempo escasso e a falta de costume com tanta carência exposta - mas para aquelas crianças significava muito mais que um abraço, um beijo ou sorriso, aquilo era motivo de orgulho. Pois elas saiam dali contando às outras que foram abraçadas por um daqueles "amarelinhos", e isso as tornavam mais 'especiais'.
Foi tudo muito maravilhoso, os dias eram preenchidos por atividades das 08:00 às 21:00 horas - tirando as madrugadas destinadas aos relatórios finais. Eram dias tão corridos que hoje me sinto inútil, pois acordo e não tenho horários pra seguir, não existe público algum esperando para me ouvir durante 3 horas seguidas, não existem crianças na porta da minha casa às 7 da manhã e muito menos preocupação com o dia de amanhã. Parece que meus dias são vagos, pois não faço quase nada que beneficie alguém além de mim.
Exercer o papel de cidadã durante 15 dias e logo depois voltar a uma vida monótona não faz sentido. É essa uma outra mudança que os rondonistas devem sentir. Com certeza é!
E esse é o primeiro passo pra uma mudança local. Pretendo aplicar aqui, um pouco do que fui lá!
Não fui Rondonista do ano de 2011. Serei Rondonista enquanto tudo que vivi estiver pulsando aqui dentro. E isso não vai parar de pulsar tão cedo pelo que vejo.

O que um Rondonista tem pra contar? Não dá pra escrever, legendar, falar, desenhar ou qualquer coisa do tipo. É sentimento demais, que não cabe em nada disso. Seja um Rondonista e entenda!

Obrigada!
Estou de volta, com muita saudade desse espaço!
Beijos...
Marcela Barquet